O estigma social ou também designado por estigma público é baseado em fatores sociais, que agregam um conjunto de ideias, crenças e/ou comportamentos negativos acerca do sujeito O estigma internalizado ou também conhecido por auto-estigma refere-se ao processo de interiorização e assimilação desses estereótipos pelo próprio sujeito.
Neste processo de internalização o indivíduo assume visões negativas sobre si próprio através da vergonha, da culpa, do medo e da discriminação associada por vezes ao facto de pertencer a um determinado grupo considerado socialmente vulnerável. Este processo pode ser explicado em 3 passos:
- a pessoa conhece o estigma social associado;
- a pessoa concorda com o estigma social;
- a pessoa interioriza esse estigma e aplica essas ideias a si próprio.
O estigma internalizado representa o impacto cognitivo e emocional no próprio indivíduo estigmatizado. Os efeitos negativos do estigma influenciam as suas percepções internas, as crenças e as emoções.
Sabemos que elevados níveis de estigma internalizado vão resultar em baixos níveis de esperança, de qualidade de vida, de isolamento social e de baixa auto-estima destas pessoas. Este processo ocorre com maior intensidade quando a pessoa repetiu sucessivas experiências de insucesso e se apercebeu que não tem as mesmas oportunidades e/ou os mesmos recursos disponíveis do que as outras pessoas.
Na sequência disso, e em última instância a pessoa pode tornar-se incapaz de desempenhar papéis relevantes na sua vida, como trabalhar ou estudar, adotando uma postura passiva e de constante auto – desvalorização acerca das suas capacidades. O auto- estigma é assim considerado um dos principais obstáculos à efetiva integração social e ao processo de fortalecimento emocional, considerados eixos fundamentais no bem-estar psicológico do indivíduo.
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